Eu quero

"A bordo de sua vida me fiz passageiro eterno."

domingo, 24 de abril de 2011

Até que tudo acabe


“Quando corações querem falar, ambos deveriam interagir. Mas quando apenas um fala, ele invariavelmente irá chorar.” A conversa de dois corações por eles mesmos:

O que as pessoas conseguem enxergar é muito mais do que pena, do que piedade. Alguma vez você conseguiu sentir a maior emoção que você sentiu na sua vida por alguém e só depois de horas de ridículo e de infantilidade conseguir dizer pra essa mesma pessoa o quão fundo era a dor no seu coração? Tenho certeza que poucos. O que escrevo agora, nunca foi e nunca será a razão, não será hoje a emoção, será simplesmente a existência de um ser que têm pares que também são impares pelo mundo. E que sentem o mesmo. O que sinto hoje não é simplesmente a dor. Pois a dor muitas vezes não deixa ninguém falar, ela se traduz sozinha pelos olhos calando a boca. Eu hoje senti isso e muito mais. A dor não veio sozinha. Veio acompanhada de uma “porrada” galopante de coisas que esse órgão pulsante nunca tinha sentindo em freqüência alguma. Que possui também um sentimento especial definido hoje, por uma palavra aceita hediondamente pela razão e maravilhosamente pela emoção como bonita. Na verdade não passa de uma quimera. Isso é o que eu tenho como AMOR.

Foi duro demais, depois de minutos que foram séculos na minha existência conseguir olhar para aquela pessoa e dizer, talvez muito mais do que isso. Traduzir-me em verdade e dor o que eu sentia. Consegue imaginar uma faca de gume inóspita de cautela, cauterizar um coração como a solda cauteriza o aço com sua brasa rápida e impiedosa? Então. Assim foram todas as palavras que se seguiram no discurso do “EU NÃO SOU”. Não é zombaria. Eu não sou se aplica em tudo, em tudo o que somos e o que não conseguimos ser. Esse último em especial hoje. Consegue também imaginar essas palavras desferidas por corações menos cuidadosos que o daquela pessoa? E consegue imaginar aquela pessoa, na sua simplicidade e nobreza admitir que não entende nada daquilo, até o momento que você diz com todas as letras?  É excruciante. Porém acho que o pior é ter a certeza de em casa tratar um “Pai” como um alheio coadjuvante de você. Em que momento e com qual razão você tratou um pai ou mãe como coadjuvante de você para não deixar transparecer toda “monstruosidade” (incompreensão) que você sentia? Eu jamais me imaginei fazendo isso. E fiz. Eles não merecem, mas eles precisam para eu poder passar mais uma vez despercebido por eles e pelo mundo de olhos sem causá-los dor nem decepção.

Assim entrei no do que deveria ser o lar, frutoso em amor e tolerância e sentir-me bem. Não. Não fora assim e jamais será nessas palavras, mesmo que recontadas no futuro sóbrio, ébrio de si e dos seus sentidos. Relação nenhuma, mesmo que inexistente em gestos físicos seria saudável com dois iguais tão diferentes. Como pode duas pessoas gostarem tanto um do outro e não gostarem da mesma coisa? São coisas que ele. O velho carrasco escarlate não aceita como explicação. E o que o agrava toda a dor é saber que você disputa a tudo isso, tão enfaticamente citado acima, com um irmão que você ama, mas que não tem a coragem que você teve de dizer à sua pessoa especial que também a ama. Nem Capitu, nem Bentinho entenderiam.

Eu só desejo paz a mim mesmo e sabedoria à ele para entender toda epopéia, que coração nenhum aceita tanta informação tão rápido. Aceita tanta amor sem dividir ou recusar. Coisas inconscientemente feitas por eles (ele e seu carrasco com maestria).

Muito mais lento que um cérebro, porém muito mais sincero que o mesmo, esse carrasco consegue exprimir em machadadas vorazes, o corte de sentimentos que razão nenhuma em sua plenitude consegue nos dizer. O EU TE AMO está além da compreensão de qualquer “ignorante”, que tente ser assim para passar despercebido por tudo e menos sofredor por nada. Perguntei-me a minha vida inteira o que fazer quando me deparasse com isso. Pois sei que eu O sentiria. E mesmo, depois de todos esses anos, não sei o que fazer, pensar ou dizer, a ele, ou, tão importante quanto, a mim mesmo para prosseguir vivendo. 

No meio de todo o discurso ouvir depois de tanto “eu não compartilho do que você está falando” um “EU NÃO POSSO RETIBUIR. EU NÃO CONSIGO RETIBUIR”. Não dói. Mata. Drama? Não. Drama é quando o amor existe e não se consegue vivê-lo. Isso, é saber que o amor existe e jamais conseguir exercê-lo. Pois vivê-lo eu sei e exercê-lo ninguém me ensinou.

Tantas coisas passam pela minha cabeça. O contar dele para os amigos: “Sinto hoje que alguém senti por mim algo que eu jamais vou sentir por alguém”. Dói. Maltrata. Ou lembrar de um terceiro amigo que nada tem haver com a história. “Não compartilho nada que apetece sob o meu teto, pois não quero apetecer nada que acontece sob o seu”. Dói? Não. Ensina. Há pessoas e pessoas. Esse último, não era uma pessoa, é aquela pessoa. A mesma de outrora. Porém mais nobre e enrugada pela experiência. O primeiro, pueril e gentil como vento, que vem refrescar nossa face e também dizer que depois disso vem uma tempestade.

O mais angustiante foi se afogar entre corpos. Belos e feios. Vivos e opacos, que me traziam prazer, mas nenhum amor. Tudo, absolutamente tudo para esquecer. Ou “-lo”. Aderir a tal enfermidade, também doença do coração e do corpo, por essas aventuras experimentadas e não ter conseguido nada mais do que isso. A doença. E a lógica? Nenhuma. E como Hades dissera em uma epopéia: “Uma quimera feita para acalmar o coração dos homens” enquanto as engrenagens necessárias se moviam e incomodavam. Não posso e não consigo ouvir o suspiro/silvo de ninguém. Nem dos irmãos. Alentos e cobras. Esses de sangue às vezes só querem sangue.

Meu importuno hóspede já está cansado de falar, porém, agora a razão recobrando-me, tomo ciência de tudo e na expectativa de tudo diminuir, tudo aumenta. Solidão.

O sono parece um convite a ser aceito, porém o mesmo me trará descanso no seu durar e revolta no seu findar. – Vai embora trago de vida. Me deixa como antes.  A espreita de mim mesmo. O lírico e Eu nunca precisamos de realidade para sermos felizes. Enquanto dissertávamos apenas sobre o que “PODERIA SER” não amargurávamos tanto. Hoje vivemos e dizemos o que passa aos que passam e só nos deixam dor, nenhum amor – A mesma dor, idêntica como no último parágrafo, sôfrega e sem distinção, vem, como num orfanato e me acalenta como um filho cheio de companhia na espera de um pouco de “ninguém”!

O que eu queria sentir é o tal que todos já sentiram e corresponderam-se no outro. Ele existe? E por querer sentir isso em alguém impossível demais toda a resposta que veio foi também “alguma coisa” demais.  Tentei deixar tanto de lado, mas pouco consegui. A tristeza. Foi ela a que mais pus pra fora de mim, pois sem ela, eu sei, sou mais leve e vivo. Já a felicidade raramente divido. Alguns me acusam imediatamente como egoísta. Mas sabemos o tanto que esta tal é cobiçada. Dividi-la em palavras pra quê? Para te roubaram provavelmente como plágio mal penalizado. Não. Guardo só para mim mesmo. A tristeza esta toda ai. Disposta em uma ordem de palavras que faça sentido para alguns, ou para ALGUM. E por tudo isso pagamos. Paguei por tentar ouvir o que precisava ouvindo o que não queria. Tudo é definido pela forma e se você não é ou não consegue ser, nada se forma. Filo de menos, Sofia demais! Tudo expressa um nada retumbante no meu ser. Um jamais, um nunca, tão dolorido, que sei que mesmo lá longe, nos anos vindouros, vai arder. Só preciso saber que acabou, e isso talvez eu não saiba, apenas sinta.

Tristeza alimentada é ouvir: “Agora eu sei do que você está falando”. Depois de jogar seu único músculo que não levanta nada físico, apenas emocional na lama por aqueles minutos, talvez uma hora, na frente dele (alguns “lisonjeiros” anos na minha existência) soube Eu que um FORA não é ser dispensado. É não ser aceito por ser quem você é. Não mais apenas como um igual, não mais. E agora?

Agora tudo tornasse um loop, onde toda vertente do seu gostar pela pessoa se torna um ódio de você por você mesmo, por ter dito, por ter consumado, aquilo que jamais vingará, nem por menos vingar-se precisar-se-á. Pois não matou alguém do seu gosto que por tanto você o odeie, matou apenas você dentro dele que você jamais o entremeie.

Ouvir, um “SEREI SEMPRE O MESMO” pra ele pode estar na cabeça dele me reconfortando, na minha desconcertando. Como saber que eu na minha baixeza de existir e inundar o seu mundo com o que tenho, está diante de alguém simplesmente nobre como aquele outrem que não divide as mazelas que estão sob seu teto por não querer reações idem? É tudo um círculo, a diferença é que ele aprendeu a dar voltas sempre únicas e eu sempre dando voltas seguindo-o. Até quando?

Três sábios me guiaram naquela noite, não para a solução, mas para uma parte da compreensão e paciência que precisarei.

Medo por muito tempo me imperou, e dele tirei algo. Algo indizível a mim mesmo, mas que ele naquela noite ouvira em mordaz “sucintês” embriagada: “AGORA VOCÊ SABE. EU ‘AQUILO’”. Depois de um tempo lendo do mestre aprendi:

“O medo tem alguma utilidade, mas a covardia não.” Mahatma Gandhi.

Fui covarde? “AQUILO” é amor. Não, não fui covarde. Eu disse a palavra, agora com contexto.

Eu, tentara, na minha vez, fazê-Lo dar certo. Não conseguia, e ali constatei para o meu eterno arrependimento que não conseguiria em era alguma. Mas tinha certeza da força proporcionada por vivenciar aquilo pelo o que eu lutava, mas não vivera ainda, sempre de soslaio, de fianco. Até que ali, nas palavras de um segundo sábio atestei:

"Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!" Sigmund Freud.

Não era mais forte? Não, nunca me importara, pois nunca havia sido então.

E no fim tinha muitos medos, como qualquer ser com sentimentos. E outros paradoxos que passaram a me construir daquele dia em diante. O Romancista alemão me esvaziara a esperança naquele dia para que talvez ela voltasse nova em outro. Deixou-me certo da minha tristeza dizendo-me naquele livrinho de cabeceira:

"Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira." Johann Goethe.

Eu era feliz? Me faltara muitas vidas então.

Depois de tanto, partir foi e seria independente do que havia sido e dito, a única coisa a ser feita. Parti. Sem dizer mais nada. Nos devaneios e solidão dos meus sonhos. Nas quatorze horas seguintes, para a companhia daqueles estranhos de quatro anos ao meu lado, que me deixavam sempre tão sozinho como nunca antes a solidão deixara ninguém. Ela, senhora de minhas horas, me ensinara naqueles mais de mil dias, que não importa o que façamos. Se fizermos sozinhos, não haverá significado, pois não houve testemunhos e alguém para mal ou bem dizer. Se fizermos, ao lado de vários, em incalculáveis aglomerados de gente o mesmo, também, da mesma forma, não haveria ninguém. Ela me ensinara: “Todos aqueles que fazem o mesmo no mesmo lugar, não fazem nada”. Deixara-me pela primeira vez sozinho na véspera ao seu reencontro no meu infindável 5º ano para aprender o essencial. Faça, seja lá o que for com uma pessoa ao menos e que seja, mas que você a ame e dela às vezes discorde. Nunca sozinho e nunca acompanhado em demasia. Para dar chance à diferença nascer e completar-vos. Pelo o menos até que tudo acabe.

Um coração naquele dia calou-se.