Eu quero

"A bordo de sua vida me fiz passageiro eterno."

domingo, 28 de março de 2010

Uma cama vazia para três travesseiros


Falar sobre um livro é difícil, sobre um livro que gera preconceito por leitores mais desavisados, é mais difícil ainda. Mas o livro que estou tratando aqui é de uma força e uma paixão fulminante, tanto na sua história, quanto no envolvimento do leitor com o mesmo. O livro em questão se chama "O Terceiro travesseiro", e não é para qualquer um. Tem um público alvo, e uma temática delicada e com certeza um público contra. Porém o que interessa aqui é a sua essência em si, de uma riqueza e força descomunal, por mais que se trate de uma história de amor, o mesmo tem qualidades únicas, e uma maneira de prender o leitor de forma feroz. Ao contar a história de um triangulo amoroso entre dois homens e uma mulher, melhor dizendo, três adolescentes, este livro ganhou um público devoto e honesto, mas o mesmo é delicado quando expõe a crueza e realidade do mundo homossexual, ao tratar com tanta clareza de detalhes tão chocantes. O Terceiro travesseiro inebria com sua fantasia e suas possibilidades. Sim, este é um livro com temática homossexual, e por isso tem seu público, e seus desafetos, me posiciono aqui apenas como leitor apaixonado, longe dos rótulos possíveis diante de uma boa leitura. Fiz minha parte como qualquer bom cidadão diante de uma obra prima, este por sua vez ganha essa característica pela destreza de seu escritor, Nelson Luiz de Carvalho, e pelo mais impactante, baseia-se em fatos reais, nada mais nada menos do que na realidade nossa de cada dia. Essa leitura me fez perceber que os fatos estão na nossa porta todos os dias, que isso e aquilo não acontecem apenas com o vizinho, acontece dentro das nossas casas. Sim, esse livro desperta paixões e sentimentos extremos dentro de seus leitores, dentro de nós, dentro de mim. Tem uma beleza na sua naturalidade rica e digna da verdade que trata. Geralmente quando leio livros, procuro colecioná-los, guardá-los, tê-los para mim, pois são uma das formas mais antigas de enriquecimento cultural. Da mesma forma quando gostamos de alguém procuramos sempre ter essa pessoa por perto. Mas esse livro, em especial, é um caso a parte. Tanta dor e beleza juntas não poderiam conviver em uma prateleira, depois de lê-lo fiz questão de devolvê-lo logo, tamanha a dor e desespero que esse me causou, sim ainda dói em algum canto da minha alma quando me lembro das últimas páginas dessa obra, então como diferente e exuberante essa leitura se fez na minha vida, procurei colocá-lo pra fora sim, tê-lo ao meu lado seria símbolo de angústia de desesperança. Pois me lembrarei dele até os últimos dias. Julguei não ser preciso possuir sua forma impressa para crescer com seus significados e valores, tudo foi gravado de forma legítima no coração, não se esqueça uma leitura assim. Por isso recomendo este livro, com ressalvas quanto ao seu impacto emocional, mas pelo entusiasmo e pela ansiedade que tenho para que cada novo leitor viva dentro de si um pouco dessa história única e tão severa. Lição, esse livro ensina que o amor nunca conheceu limites e não vai ser agora nas novidades e preconceitos ordinários da nossa sociedade que ele irá se diminuir. O amor tem um alcance infinito, e este livro é a tradução deste, sua pureza e poder estão guardadas nessas duzentas e poucas páginas, esperando cada dia uma nova pessoa e alma desavisada que encontrará no seu fim um significado e uma dor comum, a dor do silêncio, de quando o amor se cala.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Do comecinho do fim de algum lugar no coração

O que era essa tristeza que me arrastava para o fundo como uma maré descontrolada, eu não sabia ao certo o que estava fazendo em meio às lágrimas, se era me afogando ou sentindo a tristeza delas, de cada uma, a solidão de cada lágrima que molhava minha vida. Eu não sentia muito, apenas uma necessidade imensa de escrever. Eu amo, eu sei que eu amo. Meu coração não está morto como eu pensava, não, ele pulsa, ele vive, ele exige, hoje senti mais do que nunca o preço por ele poder bater, senti o peso do amor quebrado, violentado e deixado em qualquer rua ou beco sem amparo, sem calor, senti a dor q a sombra da asa da solidão traz na mente e na alma, senti o abraço do desespero por não ter motivos para respirar nenhum amanha. Senti tudo, que do nascer ao morrer existe muita dor e alegria e também aprendi que nenhum cérebro está preparado para aprender tudo em tão pouco tempo, por isso as lágrimas caem como chuva, por isso minha alma chora. Decidi viver a partir de hoje, viver cada batida do réu sentado no trono do meu peito, recebendo cada olhar de nojo e acusação, vislumbrando cada sonho e promessa, assistindo cada hipócrita e sem vergonha, decidi hoje deixar de ser expectador de mim mesmo, decidi buscar pra mim um sol que nascesse sem nenhum aviso e que encheria cada centímetro de mim de certeza, de felicidade, de medo. Quero que alguém me conforte hoje, mas não tem ninguém, apenas sombras e delas já roubei todo calor e sanidade, não sobra muito ao meu redor, apenas um ser voraz que tenho de alimentar a partir de agora, que mora dentro de mim, cheio de necessidades e cuidados, de atenções e chantagens. Mesmo que pela manha eu não consiga sentir, sei que estará lá, sim, o calor nunca nos abandona ao nascer do sol, e sei que nisso está toda minha certeza. A simplicidade da morte é assustadora e por ela e contra ela quero me unir, me unir a outro coração que não tenha visões de um amanha. Sim, mamãe ficará sabendo, mas no tempo necessário, claro antes que a areia dela se escorra por completo, não quero morrer duas vezes em vida por arrependimento e medo. Tudo se trata de coragem, o que vem depois são planos, mas para esses é preciso vontade, quero arriscar em cada anoitecer que me resta aqui. Papai pode até ficar sabendo, mas por onde meu corpo irá encontrar respostas eu não sei. Se tudo até hoje ocorreu em um pequeno copo d’água estou pronto para deixar cair e quebrar, tanto faz, no mar ou no deserto, quero a possibilidade de estar do lado de fora que onde todos se sentem por dentro. Quero apenas um céu cheio de nuvens, que não me lembrem coelhos, animais ou imagem nenhuma. Quero uma tarde nublada como tantas outras, porém mais densa e vazia que o céu. Quero o aperto no peito e a dor covarde, da saudade imbatível que não para pra ninguém. Quero um olhar calmo e sereno como a escuridão. Quero sentir o não sentir nada depois de sentir o pior. Quero a droga em meu coração. Quero o ópio em minha mente. Quero a insensatez em meus dias, em meus atos em meu choro. Quero aquele vazio e abandono que ninguém quer, pois dele serei único e a ele abraçarei. Sim, saberei da sua unidade, da sua singular existência, do seu amor inesgotável, que não se cansa, não se dobra, não se sobra, mas que nunca se acaba e que quando se esconde é pra voltar em dobro depois. Sem surpresa nenhuma, quero meus olhos abertos diante do mundo como ele é em tons de cinza e em vermelho coração, finito em tempo, infinito em dor e alegria. Amor. Por ele é a minha vida deste até o último anoitecer. Zombem as trombetas da inveja e da crítica, pois é do meio de tanta dor e lama que estou garimpando e lapidando a felicidade que ninguém tem. Obrigado pelo desafio Eu, obrigado pelo amor que você me faz buscar, é por ele ser tão impossível que acredito cada vez mais na sua força. Quando ele acontecer não estarei preparado, obrigado por isso também.

Pra ter um jeito meu de me mostrar

Tudo começa aqui, onde as palavras não cabem mais dentro do meu peito e nublam demais a minha visão. Coloca-las para fora, talvez seja assim, um despejo, inquilinas que não pagam mas ferem e constroem, despejadas. logo um lar elas encontram. Mentes abertas não faltam, portas fechadas e corações trancados também não faltaram. Dane-se, novas páginas em branco nascem todos os dias, nelas eu irei escrever, ou as palavras lá se escreverão por mim, são mais de 6 bilhões, gastas e usadas, mas parcialmente sempre há espaço, é ali que irei ficar, no caderninho da sua mente e no bloquinho da sua alma. Escreverei, por favor me guarde, mesmo que nao lidas. E se assim lidas, pronto. Um novo lar essas inquilinas encontraram. Pronto, descanso em quanto a casa se enche novamente...