Meu coração vai calando-se e sua voz rouca tornando-se nada.
Encontrou um paredão tão grande que simplesmente teve de
cessar. Cessar sua busca, seu reencontro, seu sentir-se vivo para quase morto
fingir-se vivo. Encontrou neste muro a solidão. Antes batia em ritmo com outro,
que a pouco o abandonara e na tristeza do ninguém o deixou para sobreviver num
mundo sem graça. Tudo que se aproxima, sabe-se lá de onde, machuca. E aos
poucos tudo deixa de ser espinho e torna-se aos poucos pedra. Pedra que o faz
tropeçar e cair na poeira de quem na frente disparou o abandonando. O que era
tudo isso? Simplesmente, acostumara-se a dor. Errado, dessa forma ele segue,
erroneamente, com a dor do lado, o apunhalando e ele nem mesmo mais consegue
dar importância para isso, mas deixou também de perceber que essa mesma dor que
o golpeia constantemente por tanto tempo a fio suga aos poucos sua essência,
sua vida. Os olhos fundos, a expressão de que jamais reencontrará qualquer
sorriso nos próprios lábios. Tudo tão duro e imóvel que ele mal percebe que
está vivendo no limite a tempo suficiente para se construir novamente e
reencontrar a luz de sorrisos prazerosos numa sala banhada ao sol da
tardinha...
Estava doente, daquela enfermidade que ele jamais acreditara
existir, do mal do amor que é quando o lado bom acaba e o que antes era para
dois fica nas mãos apenas de um. Pesado demais para segurar sozinho. Mas
sozinho, a pior das armas, das maldades, dos dessabores... Vem e arranca sua
lógica e razão, o faz sentir tão só que a solidão vem junto lhe fazer
companhia. Te faz questionar-se o todo tempo se perguntando porque...
É como dizem, não existe armadura que proteja o coração.
Meu coração, não sei por que...