Eu quero

"A bordo de sua vida me fiz passageiro eterno."

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Àqueles que tanto amo



Amar é viver desaprendendo. Cada passo tenho a certeza, carregou algum coração pensativo, deixando na areia uma pegada sem valor, leve e mal construída. Facilmente devorada pelo o vento, mas que foi o suficiente para me mostrar o caminho. Arquitetada sem grandes planos ou cálculos, ela chegou assim, ligeira, rasteira. Da mesma forma que foi lançada,como um raio, iluminou a grande escuridão e fulminou seja quem for que se levantou como um obstáculo contra ela. Sagaz e ardil, assim embebeu os corações no ardiloso esquema escarlate da face que se tornaria rubra diante ao outrem que idem essas idéias faz seu músculo encarcerado no peito bater no mesmo compasso. Orquestrado e metralhado pela sua batuta, o bandido vermelho deita-se no leito de luxúria e pede apenas silêncio, para que possa ouvi-lo terminar ao entrar e bater sem ritmo do outro coração. Consumiu páginas e folhas secas, no chão e nos livros. Devastou gênios e perpendiculou certezas nas hastes da história. Começou, viveu e aniquilou juventudes na glória de suas manhãs. Terminou poemas com palavras sem respaldo, singulares. Sem platéia, arrancava aplausos da solidão. Devorou as migalhas do caminho na esperança do outro, deixar perdido no vazio sem saídas. Um vagar eloqüente permeou na pele dos ariscos enamorados, surgiram pelos eriçados, olhares condescendentes, lábios mordiscados e almas desnorteadas, que tão logo se perguntavam o que faziam ali, em tão pouco espaço de um só corpo, quando dois tão próximos ofereciam um aconchegante lar, para duas almas deitar e ascender qualquer centelha antes esquecida, qualquer morada antes inóspita. Maças mordidas ilustram apenas uma faceta do seu andarilhar pelo mundo. Mais do que símbolos, objetos, imagens, deixou o gosto do mordaz centelhar da palpitação no peito e península da sua língua, engolindo seco, toda vez ao encaracolar dos cabelos em dedos tímidos bebeu o prazer, não servido em taça de prata ou cristal, mas no cálice da sua boca, recipiente da sua alma. Deitou-se nos trilhos, selvagem, e deixou o exalo de seu cheiro impregnar as outras criaturas com ele, que avassalador, não poupou nem as pedras, que nos poemas te cantam em torres e castelos. Sem armaduras, nem princesas, apenas dois corpos dispostos ao seu adornar de desejos, se enfeitavam e enroscavam na vereda da timidez, colorir das maças na face porcelanada, trazia apenas a verdade carregada nos olhos espelhados um nos outros. E o dizer de tal acontecimento, longe de ser ação, pois não sabia-se sobre seu começo ou fim. Rompeu em tambores nos ouvidos, não tão distante se identificava a fonte do seu rufar, era o coração. Lânguido de si, debatia-se na espera do outro, fazendo o peito doer e o olho afogar-se na salina expressão humana que cobriu a face da humanidade tantas vezes diante a sua chegada. Ao encarar um ao outro, só diziam. “Venha amor, e encha essas nuvens de céu, pois elas cobrem seu sorriso e vadiam minha paisagem de você durante os dias. Venha amor, e esvazie esse infinito de si mesmo, pois de tão grande cansou de si e de te perder junto às estrelas mais brilhantes dentro do seu eu. Venha a nós amor e habita nossas veias e carnes, à surdina dos nossos ossos, sustenta-nos com seu calor e nos esclareça todas as verdades engasgadas na espreita da sua ausência. Ensina-nos que as aves só voem porque um dia te perderam nas alturas e lá precisam procurar-te. Mostra-nos que o mar é tão vasto só porque a distância precisava existir para te exaltar. Engana-nos com o verão na lembrança e saudade incomensurável do frio hostil do inverno e de como nos lecionou sobre a importância do calor de dois corpos. Dispa-nos das nossas sabedorias e recorda-nos que a maior inteligência não é saber onde você está e sim se você está! Porém alçado além de todos, ama-nos como só você, essência de si mesmo, pode com tua chama aquecer sem queimar, lembrar sem esquecer e ver sem olhar, que se tu existes é porque nasceu de dois e da existência simultânea destes em algum lugar, algum momento, alguma nobreza. E da sua chegada veio o alvorecer, a felicidade e a razão. Que sem razão, a não ser seu existir, excita minha alma, minha vida com o lembrar da sua estadia junto aos meus dias.” Assim ventava o amor nas noites mais cegas e quentes ao aplaudir dos nossos corações. Alegre e nu, abraçou-nos e nos uniu na sua viciante eternidade!

2 comentários:

  1. Cara sua escrita é perfeita!!!
    É perceptível pelo seu texto o quanto vc evoluiu desde que se mudou pra SP, isso é uma grande satisfação.
    Você foi cirúrgico nessa parte: "recorda-nos que a maior inteligência não é saber onde você está e sim se você está".
    Parabéns mesmo irmão, abração, depois passa lá no meu humilde blog, repara n q n se compara com o seu, kkkk...

    ResponderExcluir
  2. Extremamente cirúrgico! Você tem o incrível dom de ‘fazer sonhar’ com algumas palavras. Adorei essa parte...

    "Consumiu páginas e folhas secas, no chão e nos livros. Devastou gênios e perpendiculou certezas nas hastes da história. Começou, viveu e aniquilou juventudes na glória de suas manhãs. Terminou poemas com palavras sem respaldo, singulares. Sem platéia, arrancava aplausos da solidão.”

    Congratulações!

    (;

    ResponderExcluir